18/02/2007

Afinal, o que dizem e pensam os técnicos (e os actuais inquilinos) sobre o Projecto do Aeroporto da bat"OTA"?


Vista parcial do local do novo Aeroporto (Esclarecedora???)





Que a construção do novo Aeroporto está a despertar o interesse de alguns grupos financeiros portugueses, de governos e empresas estrangeiras que antevêem chorudos lucros neste negócio, até o sacristão da Ermida mais longínqua sabe!

O que nem todos ou a maior parte sabe é que os técnicos directa ou indirectamente ligados à actividade aérea - pilotos, controladores e meteorologistas, entre outros, pasmam incrédulos perante tão monstruosa verborreia de afirmações sobre as mil e uma virtuosidades do local de implantação do novo Aeroporto da Grande Região de Lisboa - OTA!



Porventura, já alguém se debruçou sobre o porquê do desmantelamento substancial, há já vários anos, das estruturas da Base Aérea da Ota, instalada no mesmo local?



Bom, passemos então a debruçar-nos, em concreto e ainda que sumariamente, sobre a parte técnica:

O primeiro problema do futuro Aeroporto da OTA consiste na existência de um serra com 660 metros de altura que se situa no enfiamento da futura pista principal. É evidente que esta serra teria que ser devidamente terraplanada para permitir a utilização plena da pista.


O segundo problema consiste no perfil aerológico dos ventos dominantes, que diminuiria bastante o nível de segurança do novo Aeroporto.


O terceiro problema reside no desmantelamento de cerca de 1100 hectares de terrenos arborizados, resultando daí a remoção de quantidades enormes de terras.


O quarto problema, também grave, tem a ver com a totalidade do local do futuro aeroporto - zona totalmente alagadiça e atravessada por três ribeiras, o que dificultará ao máximo a necessária estabilização dos solos.


O quinto problema, situa-se nos terrenos da OTA, compostos principalmente por areia, argilas e lamas, que terão que ser apoiados por “ colunas de brita”, solução como se sabe, muito difícil e bastante dispendiosa.

Podemos, por conseguinte, ver pelo menos cinco problemas de fundo que dificultam a localização e construção deste novo aeroporto, sem falar de outros problemas, que vão desde a necessidade óbvia dos combustíveis a ser transportados em camiões-cisterna a partir dos depósitos de Aveiras.

Assim sendo, é de todo incompreensível a atitude do governo em insistir levar por diante um novo aeroporto para a OTA, esquecendo também as repercussões negativas em termos turísticos e económicos na Área Metropolitana de Lisboa e Vale do Tejo, para além de que:

1- O Aeroporto de Lisboa não tem a sua capacidade de expansão esgotada nem se prevê que a terá nas próximas dezenas de anos;


2- O Aeroporto de Lisboa tem suficiente capacidade para ser ampliado;


3- O Aeroporto de Lisboa é considerado um dos mais seguros da Europa;


4- O Aeroporto de Lisboa serve o melhor desenvolvimento turístico e económico da Região Metropolitana de Lisboa e Vale do Tejo;


5- O Aeroporto de Lisboa tem uma localização estratégica optimizada para servir os superiores interesses da Região;


6- O Aeroporto de Lisboa precisa apenas de diversificação em termos de cargas e voos de LOW COST, para Aeroportos secundários da Área Metropolitana de Lisboa tais como Sintra, Alverca ou Montijo;


7- O Aeroporto de Lisboa tem uma estrutura física e humana de grandes investimentos já efectuados, que precisam de ser protegidos e salvaguardados.


Finalmente, permitimo-nos perguntar, se não seriam melhor aplicados os 430 milhões de euros na remodelação e criação de novas escolas e hospitais, bem como centros de saúde mais eficientes, especialmente nas regiões do País onde o nível etário das populações aí residentes é mais elevado?

Ou vai continuar o encerramento indiscriminado de hospitais, salas de parto, urgências médicas, escolas primárias, postos da PSP e GNR, etc. tornando o interior do País cada vez mais abandonado e desertificado?